Intoxicação por monóxido de carbono em espaço confinado

Um estaleiro foi multado após um soldador sofrer intoxicação por monóxido de carbono (CO) enquanto trabalhava em um espaço confinado em um navio no dique seco. O soldador continuou cortando metal por 40 minutos, sem saber que seu monitor de gás estava soando um alarme.

De acordo com o relato do incidente, o alarme disparou apenas dois minutos após o trabalhador iniciar suas tarefas, um processo de soldagem conhecido como goivagem, que usa um eletrodo de carbono, eletricidade e ar comprimido para cortar metal. Este alarme deveria ter provocado uma evacuação imediata, mas o soldador não o ouviu e continuou trabalhando até começar a se sentir mal e deixar o espaço por conta própria.

O relatório também revelou que o soldador deveria estar usando um respirador facial completo com seu próprio suprimento de ar. No entanto, o respirador estava quebrado, então ele usou um respirador de meia face, que não o protegeu do CO.

Além disso, a pessoa designada para monitorar o soldador não tinha sido devidamente treinada e não estava na entrada do espaço confinado por pelo menos 40 minutos. Quando o soldador finalmente saiu, outro trabalhador notou sua condição e deu o alarme. Os socorristas levaram o soldador para o hospital, e ele se recuperou completamente.

Este relatório destaca várias violações graves de segurança que poderiam ter sido fatais, especialmente no ambiente desafiador de um estaleiro ou durante a manutenção da embarcação. Ele ressalta a importância de responsabilidades claras entre a tripulação do navio e os contratados do estaleiro.

Os diques secos estão entre os locais de trabalho mais perigosos para marítimos e trabalhadores em terra. Com tantas tarefas acontecendo simultaneamente e uma escassez de pessoal qualificado, muitas vezes há pressão para terminar o trabalho rapidamente. Muitos estaleiros dependem muito de contratados e trabalhadores temporários. Isso coloca uma obrigação na gerência do estaleiro para garantir que esses contratados tenham as habilidades e o conhecimento para executar seus trabalhos com segurança e para supervisioná-los para garantir que eles sigam os sistemas de trabalho seguros documentados.

Em geral, o comandante do navio é responsável pela segurança do navio, sua tripulação e qualquer outra pessoa a bordo, incluindo trabalhadores do estaleiro e contratados. O comandante também deve garantir que todas as áreas de trabalho sejam seguras, normalmente por meio de um sistema de Permissão de Trabalho. Enquanto isso, o estaleiro deve garantir que seus trabalhadores sejam devidamente treinados e capazes de fazer o trabalho com segurança, com avaliações de risco e inspeções em vigor para manter altos padrões. O fornecimento vigias e outro pessoal de segurança é geralmente acordado em reuniões formais entre o navio e o estaleiro, a menos que especificado no contrato. O CHIRP recomenda que os documentos SMS da empresa sejam revisados ​​e atualizados sobre o gerenciamento de segurança de dique para garantir que incluam todos os riscos identificáveis ​​para a tripulação e os trabalhadores do estaleiro.

Neste incidente, o local era um espaço confinado em vez de um “espaço fechado” (veja as definições abaixo) e não foi devidamente avaliado quanto aos riscos pelo estaleiro para perigos decorrentes do trabalho pretendido. A empresa não monitorou o espaço enquanto o trabalhador estava dentro, não forneceu vigia treinado e não forneceu o equipamento de proteção correto para o soldador.

Espaço Fechado – Definido como um espaço com aberturas limitadas para entrada ou saída, ventilação inadequada e não projetado para ocupação regular.

 Espaço confinado – Definido como um espaço grande o suficiente para um funcionário entrar e trabalhar, com entrada e saída limitadas ou restritas e não projetado para ocupação contínua.

 As autorizações de espaço confinado exigem comunicação clara entre os trabalhadores internos e uma pessoa de segurança externa, geralmente por meio de rádios ou sinais visuais. No entanto, esses métodos não estavam em vigor durante este incidente, piorando a situação.

Cultura – Os estaleiros devem garantir que o equipamento adequado esteja disponível para uso seguro e fornecer programas de treinamento apropriados, especialmente para segurança em dique seco. Considerando que o trabalho em dique é um dos ambientes mais perigosos, a falta de treinamento e pessoal experiente foi um descuido sério.

 Capacidade – Embora os estaleiros tenham equipes de segurança, elas geralmente estão sobrecarregadas. Isso significa que a tripulação do navio precisa ser extremamente vigilante sobre a aplicação de medidas de segurança que geralmente são rotineiras a bordo, principalmente em um ambiente de dique seca ou de reparo. Tanto o soldador quanto a tripulação de prontidão não tinham treinamento adequado e os protocolos de segurança exigem que apenas pessoal experiente e treinado seja designado para tais tarefas. Além disso, a tarefa foi conduzida sem o equipamento de proteção individual (EPI) necessário, destacando a falta de conhecimento operacional. O uso de um respirador de meia face incorreto enfatiza ainda mais essa lacuna.

Pressão – Os diques secos geralmente têm uma fila de navios esperando para acesso, criando uma pressão intensa para concluir o trabalho rapidamente. Gestão eficaz, com planejamento diário cuidadoso, é essencial para garantir que todas as tarefas sejam adequadamente avaliadas quanto aos riscos de segurança. Sua empresa tem ferramentas para garantir que o trabalho esteja sendo realizado com segurança sob tais pressões?

 Comunicações – Houve uma falha crítica na comunicação entre o soldador e a pessoa de prontidão que deveria estar monitorando o trabalho e a atmosfera no espaço confinado. Essa falta de comunicação colocou ainda mais em risco o trabalhador.

 Trabalho em equipe – O trabalho em equipe nessa situação foi inadequado. O membro da equipe de prontidão abandonou sua posição por mais de 40 minutos, mostrando uma clara falta de consciência dos perigos envolvidos. O trabalho em equipe adequado é crucial para garantir a segurança em ambientes de alto risco, como diques secos.