O comandante de um grande navio recebeu instruções incomuns dos afretadores sobre a comunicação às autoridades antes da chegada.
A embarcação havia navegado com os dois ferros danificados, um mais que o outro. Foi concedida dispensa para navegar e imposta condição de classe à embarcação. Novos ferros seriam fornecidos ao navio no próximo porto.
O comandante foi orientado a não mencionar a carta de dispensa às autoridades portuárias do porto seguinte, pois a revelação do estado dos ferros exigiria escolta de rebocador até o berço de atracação.
Uma carta de dispensa geralmente é uma autorização temporária única para navegar até o próximo porto, onde peças sobressalentes podem ser entregues ou problemas técnicos podem ser resolvidos. As autoridades que concedem a carta de dispensa, geralmente da sociedade classificadora, fazem-no com base numa avaliação de riscos. Como tal, deve ser informado ao próximo porto durante a troca de informações antes da chegada. A carta de dispensa é uma tábua de salvação, concedendo alívio temporário em meio a desafios técnicos.
O comandante deve exercer sua autoridade primordial para mitigar os riscos. Este é um requisito legal e a pressão para fazer qualquer coisa que não seja agir com segurança deve ser recusada. O CHIRP defende que, quando tais solicitações forem recebidas, o comandante as coloque por escrito ao DPA da empresa.
Dada a perda total da eficiência de ancoragem de um dos ferros, o emprego de um rebocador de escolta é a medida de mitigação correta em uma área portuária de maior risco para garantir a navegação segura até o berço de atracação.
Além disso, o não cumprimento dos requisitos de dispensa pode invalidar a cobertura do seguro da embarcação em caso de sinistro. Cortar atalhos tem consequências graves – um único passo em falso pode desestruturar a cobertura do seguro, deixando a embarcação vulnerável a questões legais.
Em última análise, num incidente em que as âncoras sejam necessárias, mas não possam funcionar e o porto não tenha sido informado, a empresa pode ser processada por não notificar.
Em caso de dúvida, escale a decisão para seus superiores. O dever do comandante não é apenas navegar com a embarcação; é navegar por um labirinto de regulamentações, garantindo que cada decisão seja um compromisso com a segurança. Os custos comerciais para o fornecimento de um rebocador de escolta nunca deverão interferir na segurança da embarcação.
Não há compromisso mais importante nas operações marítimas: a segurança deve estar sempre em primeiro lugar.
Pressão – O excesso de pressão para garantir que os custos comerciais e os prazos operacionais sejam cumpridos é um fator humano perigoso que cria dúvidas desnecessárias e pode dificultar o julgamento daqueles que tomam decisões críticas de segurança.
Cultura — A ligação da equipe de afretamento com a segurança era fraca, e a equipe de gestão do navio não apoiou o comandante a relatar a dispensa às autoridades portuárias e compartilhar os riscos descritos na carta de dispensa.
Trabalho em equipe – A organização está indo em direções diferentes, comprometendo a segurança. Ao ler este relato, você sente que isso às vezes acontece com você?
Práticas Locais — Siga os requisitos legais corretos como comandante e coloque por escrito suas preocupações. Entre em contato com a DPA. As consequências financeiras de utilizar um ferro que não funciona e depois descobrir que a situação não foi informada ao porto serão muitas vezes superiores às taxas de escolta do rebocador. Os danos à reputação da empresa serão ainda maiores.